A natureza reuniu uma rara combinação de ecossistemas no Delta do Rio Parnaíba, o que o torna um berçário da vida que tem que ser preservado e conservado para as futuras gerações. Por se tratar de uma Unidade de Conservação com vocação para o ecoturismo, que tem como finalidade a preservação e conservação do meio ambiente por meio de ações que envolvam e beneficiem as comunidades anfitriãs preservando a sua cultura, o desenvolvimento do artesanato poderá se tornar uma real alternativa de fonte de renda e um poderoso veículo de educação ambiental.

Foto Christian Knepper

A degradação ambiental – desmatamento ilegal, lixo, pesca e caça predatória, a aculturação das comunidades ribeirinhas do Delta, o esquecimento dos saberes, o abandono dos bordados por falta de incentivos e comercialização, uma realidade que pode ser revertida com o resgate dos saberes tradicionais e a utilização racional dos recursos naturais. Isso significa a volta do homem às suas origens e a geração de uma consciência sócio-ambiental correta.

A demanda externa cada vez maior por produtos ecologicamente corretos tem crescido a largos passos. O perfil desse novo mercado consumidor está preocupado com o destino de nosso planeta e com as comunidades carentes que podem ter uma melhoria na qualidade de vida. Esse nicho de mercado ainda inexplorado na cidade de Parnaíba, como em toda região deltáica, poderá ser um dos fatores geradores de maior impulso para o desenvolvimento do artesanato sustentável de nossa região.

“A preservação de nossa cultura só depende de nós. É conhecendo e valorizando o nosso rico artesanato que conseguiremos manter vivas as nossas raízes e tradições.”

O artesanato fino da região deltáica associado à moda pode se tornar uma poderosa ferramenta de marketing do potencial artístico-cultural e comercial do Delta do Rio Parnaíba, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida das comunidades de entorno, preservando a cultura local e criando uma postura de respeito às nossas raízes e ao meio ambiente.

A fauna e a flora peculiares do Delta também servem de inspiração para o artesanato local. O manguezal, cavalo-marinho, peixe-boi, tartaruga, caranguejo e o guará são facilmente retratados em diversas peças de decoração (pinturas, silk-screen, barro, esculturas) e vestuário produzidos pela arte das comunidades.

Artesanata Maranhense

O artesanato maranhense e piauienses é rico e diversificado em forma e material, são peças entalhadas na madeira , bolsas e redes de fibra de carnauba e buriti, brinquedos de paparaúba, azulejos pintados a mão, rendas de bilro confeccionadas pelas mulheres dos pescadores, finissimos e belissimos bordados a mão, vasos de cerâmica e porcelana também pintados a mão. Encontram-se também trabalhos em palha e fibras de taboa, carnaúba, tucum, agave, cipó de leite, cipo de boi, e fino, corda, estopa, madeira, chifre, cabeça, tecelagem, ponto de cruz, madeira, couro, tecelagem manual. A cerâmica em forma de tigelas, travessas, panelas e porta-petiscos dão um toque especial aos pratos.

A utilização de fibras vegetais como o sisal ou agave na confecção do vestuário, demonstra a versatilidade dessa fibra resistente e agreste que se transforma em belíssimas peças nas mãos de nossas artesãs. As rendas de bilros, os bordados à mão, utilizando técnicas tradicionais, foram realizados pelas mãos de fadas de nossas rendeiras, bordadeiras e crocheteiras da região deltáica. As rendas de bilros e os finíssimos bordados à mão fazem alusão ao rico ciclo da carnaúba.

Existe o comércio de armas e utensílios dos índios canelas, guajajaras, urubus e cricatis. A tradição cabocla contribui com as miniaturas de barco e as miniaturas do bumba-meu-boi, com seus vaqueiros, cazumbás, amos, índios e tocadores.

Tudo isso pode ser encontrado em lojinhas espalhadas por diversos locais do Delta nas cidades Ilha Grande (PI), Tutóia (MA), Araioses (MA) e principalmente em Parnaíba (PI) no Complexo Cultural do Porto da Barcas.

O artesanato maranhense é rico e diversificado em forma e material. São peças entalhadas na madeira , bolsas e redes de fibra de buriti feitas em Barreirinhas, brinquedos de paparaúba, azulejos pintados a mão, rendas de bilro confeccionadas pelas mulheres dos pescadores na Praia da Raposa, bordados, vasos de cerâmica e porcelana também pintados a mão. Existe o comércio de armas e utensílios dos índios canelas, guajajaras, urubus e cricatis. A tradição cabocla contribui com as miniaturas de barco e as miniaturas do bumba-meu-boi, com seus vaqueiros, cazumbás, amos, índios e tocadores.

Tudo isso pode ser encontrado em lojinhas do centro de São Luís, mas o lugar mais indicado é o Ceprama - Centro de Comercialização de Produtos do Artesanato Maranhense – um enorme galpão centenário da Companhia de Fiação de Tecidos de Cânhamo. Encontram-se também trabalhos em palha e fibras de taboa, carnaúba, tucum, agave, cipó de leite e fino, corda, estopa, madeira, chifre, cabeça, tecelagem, ponto de cruz, bordados, madeira, couro, tecelagem e rendas. A cerâmica em forma de tigelas, travessas, panelas e porta-petiscos dão um toque especial aos pratos.

 

Gastronomia

A culinária é um reflexo da multiplicidade étnica do povo maranhense. Com a colonização portuguesa, os ingredientes que já eram utilizados pela população nativa se misturaram aqueles trazidos pelos europeus e pelos negros africanos dando origem a deliciosos pratos.

Da criatividade gastronômica do maranhense surgiram pratos como arroz de cuxá, arroz de jaçanã, arroz de toucinho, arroz de piqui, arroz de couve, arroz doce, baião de dois, casquinha de caranguejo, peixadas, caldeiradas de camarão, tortas de sururu, camarão e caranguejo.

As frutas como bacuri, abricó, buriti, abacaxi, goiaba, cajá, cupuaçu e jenipapo deram origem a doces variados e licores deliciosos.

 

Gastronomia Piauiense

Algumas Receitas:

Arroz de Maria Izabel
maria-izabel1 kg de arroz
1 kg de carne seca picada
3 dentes de alho
1 cebola, óleo, e pimenta-do-reino

Modo de Preparo:
Lave a carne seca picada e doure em óleo quente.
Em seguida, acrescente a cebola e o alho.
Refogue bem.
Junte o arroz misturando bastante com os temperos e a carne. Acrescente a água quente e a pimenta de cheiro cortada ao meio.
Tampe a panela até que o arroz fique solto.

 

Receita de Maxixada
maxixada1kg de carne seca
½ kg de jerimum
½ kg de batata
½ kg de maxixe
sal a gosto
cebola
tomate
pimentão
cheiro-verde e manteiga de nata.

Modo de Preparo:
Cortar a carne seca em quadradinhos.
Refogar na manteiga, a cebola, a carne, o tomate, o pimentão e o cheiro verde.
Deixar cozinhar um pouco e acrescentar o jerimum, a batata e o maxixe, cortados em pedacinhos bem pequenos.
Colocar água suficiente para cozinhar.

 

Folclore
No Piauí:

Lendas Piauienses

Cabeça de Cuia

Escultura Cabeça de Cuia em Teresina, Piauí. Autor da escultura: Nonato Oliveira (1996)

Um rapaz da chamada Vila do Poty (hoje apenas bairro do Poty Velho) - aquela mesma vila que nascera antes de Teresina ao menos sonhar em ser gente em matéria de cidade. Era uma vez aquele rapaz que morava com sua mãe viúva e pobre de não ter de seu um couro para morrer em cima. Isto antes de Teresina sequer pensar em Conselheiro Saraiva que naqueles tempos ainda era menino praticando estripulias e travessuras na velha Bahia com h. Quando certo e determinado dia, o dito rapaz foi pescar nas águas do Poti. Já estava com seu belo e bom pari preparado. Deixe que naquele dia foi dum azar sem nome. Por mais que forcejasse, não conseguia pegar sequer uma por mais fosse pequena piaba. Voltou à casa fulo de raiva e de fome - duas coisas que misturadas nunca que dão bom resultado, visto a segunda atiçar a primeira para qualquer ato desagradável. Chegou em casa e foi logo botando para cima uma briga tremenda com a velha sua mãe. Aconteceu que esta havia guardado para ele um prato de feijão com apenas de suporte um corredor de boi. Além do mais, o dito corredor limpo como Deus quer as almas. Não tinha de carne um naco. Então, passou ele a espancar a pobre coitada velha, batendo-lhe o corredor na cabeça. Depois, emborcou o corredor sobre o prato e, ao invés de tutano, escorreu mais foi aquele sangue grosso e vivo. Aí a velha, tonta e cambaleando de tão desadorada dor, saiu do terreiro, ajoelhou-se na areia quente e, de mãos postas, passou a amaldiçoar o filho. E as pregas pegaram, mesmo porque era meio-dia em ponto, hora em que os anjos estão cantando salmos e dizendo amém lá no patamar brilhoso do terreiro do Céu. Pois ela dissera que ele havia de se transformar num mostro; que ficaria penando para todo o sempre, eternamente, da terra para as águas. De repente, num átimo, o rapaz enlouqueceu. Perdeu a bola por completo. Ficou mais foi mesmo doido varrido. Aí correu sem sentido e gritando que era um infeliz e amaldiçoado. E atirou-se às águas do Parnaíba. Morreu afogado. E o interessante de tudo foi que ninguém conseguiu encontrar seu cadáver. Na mesma hora, a velha também se fora para o outro lado da vida, que aquelas pancadas sem temo do corredor não eram para menos. Deu uma sapituca, esticou as canelas, olhou para o dedo-grande do pé e fez a viagem-sem-frito. Morreu. Passa os seis meses de enchentes nas águas, matando gente afogada, tanto virando vapores, balsas, canoas e outras embarcações, como de qualquer maneira. Acredita-se que, por esta temporada, a gente chegando na beira do rio, às horas-mortas da noite e três vezes gritando: ô,ô,ô,... Cabeça-de-Cuia!!! ele aparece. Mas diz que vem com mil e uma marmotas de assombrações. Aliás, vem calmo, julgando ser sua genitora que o chama. Quando observa que não é a velha, pratica as mais horripilantes fantasias. Aquilo ele vem só mesmo por saber que a alma da velha também vive penando no mundo e só se salva quando ele deixar de penar. Mesmo assim, quer ver sua pobre mãe sofrendo por sua causa. É que mãe, para melhor definição, só se pode mesmo dizer que é mãe. Os outros seismeses ele passa em terra, também praticando fantasias. Pois é assim. E tem mais: o Cabeça-de-Cuia só deixará de penar no mundo quando devorar sete mulheres virgens de nome Maria. E diz que até o presente não conseguiu consumir uma sequer.

 

Lenda em canto

Sete Marias
Precisa tragar
São sete virgens
Por encanto quebrar.

Quando o rio
Lua cheia desce
Cabeça de Cuia
Sempre Aparece
Rema pra margem
Oh! Velho pescador
Que na curva do rio
O monstro vai apontar.

Castigo tremendo
Que Deus lhe deu
Por bater na mamãezinha
Crispim lhe encantou.

Tem medo, oh! Maria
Que estás a lavar
O Cabeça de Cuia
Te pode tragar.

 

Cabeça-de-Cuia

É um monstro. Costuma aparecer na superfície da água, nas noites de lua cheia. Uma enorme cojuba (cuia) surge e desaparece, metade do ano no rio Parnaíba e a outra metade no rio Poty (Teresina fica entre estes dois rios). Dizem, ainda, que ele costuma se incorporar em algum louco que perambula pelas ruas de Teresina. Mas a estória é a seguinte:

Um pescador, chamado Crispim, morava com a sua velha mãe viúva na antiga Vila do Poty. Certo dia, voltou para casa muito zangado porque não tinha pescado nada. A mãe lhe deu para comer um pirão de osso. Ele, enraivecido, bate na mãe e quebra-lhe a cabeça com um "corredor" da ossada do pirão. Caída no terreiro, antes de morrer, a mãe lhe joga uma maldição: "Serás transformado num monstro, filho ingrato!" E Crispim desaparece nas águas barrentas do rio. O povo ainda hoje canta:

E quando o rio
Em cheia desce
A Cabeça-de-Cuja
Sempre aparece.

 

Lenda da Macyrajara

Macyrajara

Macyrajara era uma linda jovem de olhos amendoados e cabelos longos. Seu pai era o chefe Botocó da tribo dos Tremembés, que habitavam as terras da margem direita do Igaraçu até o mar.

Macyrajara conheceu Ubitã, jovem guerreiro pertencente a uma tribo inimiga da sua, que habitava a planície litorânea. Os dois se apaixonaram e passaram a se encontrar às escondidas.

O pai de Macyrajara tomou conhecimento e, discordando daquele amor, mandou prendê-la numa oca vigiada por sete guerreiros.

Ubitã, louco de saudades, procurou em oração se aconselhar com o deus Tupã. E à noite, quando dormia, Tupã lhe disse que Macyrajara estava presa e que ele não fosse procurá-la porque podia morrer.

O destemido guerreiro, levado pela paixão, não ouviu os conselhos de Tupã. E, ao anoitecer, saiu à procura de seu grande amor. Ao chegar próximo à oca, foi atingido no peito por uma flecha inimiga, tendo morte imediata.

Macyrajara, ao tomar conhecimento da tragédia, saiu correndo e desapareceu na escuridão da noite. Três dias após vagar pelas matas, parou em um olho-d’água. Naquele momento, começou a chover, ela, então, cheia de dor e tristeza, começou a chorar. Ali suas lágrimas e a chuva se juntaram à aquelas águas que corriam.

Tupã, apiedando-se dela, transformou suas lágrimas no rio que separou as duas tribos.

Hoje, aquele rio chama-se Portinho e separa as terras de Luís Correia das de Parnaíba.

 

O Vareiro de Parnaíba

Vareiro ou “porco d’água”, era uma figura típica do rio Parnaíba, que durante muitos anos se destacou em nosso Município, antes da navegação a vapor teve ele mesmo que gerar a força motriz necessária para acionar as primeiras embarcações, desde o Porto Salgado, até além, do curso médio, do rio Parnaíba, com o uso da vara de 4 braças, do cabo de espiada de manilha.

Quando, nos dias de folga, o vareiro típico gostava de vestir calça de mescla ou riscado grosso, com camisa de listrinha azul e branco, exibindo sua musculatura de homem de sol, com talinge, nos braços, chapéu branco de abas curtas, viradas para cima e tamancos pesados, com rosto de sola ou pele de bode curtida e o cinto de sola grossa, com fivela de latão, era indispensável. Não esquecia a faca marinheira, embainhada, e cujo cabo destacava-se uma estrela de cinco pontas para combater “mandinga”. Sua arma era “cacete de jucá”, que sempre ficava na embarcação e, só usada quando ameaçados.

Eles faziam a alegria do porto e da rua dos Barqueiros, na Quarenta.

Com o crescimento do Porto Salgado, a navegação a vapor, em substituição aos pequenos e canoas, e a construção da ponte Simplício Dias, pouco a pouco, esta figura típica desapareceu de nosso Município, existindo apenas, em determinados trechos do rio, onde há carência de transporte.

 

Lenda "Não se pode"

Mulher que aparece, depois da meia-noite. Apresenta-se normalmente às pessoas para pedir cigarro e quando recebe vai crescendo... crescendo... até atingir a altura do poste, acende o cigarro, e, lá fica a fumar. Se algum lhe nega o cigarro ela tira seu único peito para tentar amamentar a pessoa, travando uma luta tremenda até maltratar bastante a pessoa. Logo depois, sempre vitoriosa, sobe ao poste e de lá desaparece.

 

Miridam

Era a mais bela jovem da tribo dos Acaraós. Como sua mãe não resolvia dar-lhe em casamento a nenhum jovem do lugar, ela manteve um amor proibido, às escondidas de todos. Não sabendo como esconder o filho desse amor, colocou-o num tacho e soltou a pobre criança nas águas do rio Paraim. As águas do rio se transformaram num imenso lago. É hoje a chamada lagoa de Parnaguá, localizada no sul do Piauí.

A mãe-d'água recolheu e criou a criança e jogou uma maldição na desditosa mãe. Dizem que ainda hoje o filho da mãe-d'água aparece na superfície da lagoa. Ninguém conseguiu até agora desencantá-lo e ele continua aparecendo, já velho, de barbas brandas à luz do luar, ou douradas ao entardecer. Dizem, também, que ele aparece como criança nas primeiras horas da manhã. À tarde se torna adulto e à noite é um velho de barbas brancas.

Existe, ainda, uma variante desta lenda com o nome de Barba-ruiva.

 

Zabelê

Era a filha do chefe da tribo dos Amanajós. Ela amava Metara, índio da tribo dos Pimenteiras, terríveis inimigos dos Amanajós. Zabelê e Metara se encontravam secretamente. Mas Mandaú desconfiou daquelas andanças. É que ele vivia magoado com Zabelê, porque se via preterido por um inimigo e nunca conseguia que seu amor fosse correspondido. Mandaú descobriu o local do encontro dos dois. Certa vez resolveu levar algumas testemunhas para desmascarar Zabelê. Os dois amantes foram surpreendidos, surgindo uma briga generalizada. Depois de tanta luta, morrem Zabelê, Metara e Mandaú.

O fato deu origem a outra guerra que durou sete sóis e sete luas. Mas Tupã teve pena dos dois amantes e resolveu transformá-los em duas aves que andam sempre juntas e cantam tristemente ao entardecer. Mandaú foi castigado e transformado num gato maracajá, que anda sempre perseguido pelos caçadores (por causa do valor da sua pele). Zabelê vive cantando ainda hoje a tristeza do seu amor infeliz.

 

A Porca do Dente de ouro

É uma porca velha e muito grande. Suas tetas arrastam no chão, de tão grandes. Costuma passar correndo pelas ruas escuras de Teresina, fuçando e grunhindo. Do focinho sai-lhe um enorme dente de ouro. Numa só noite é capaz de aterrorizar os moradores do Barrocão, da Macaúba, da Piçarra, do Mafuá, dos Cajueiros, do Por enquanto etc. Ninguém conseguiu ver direito a imensa porca, uma assombração, uma "pintura". Dizem que foi uma moça lá das bandas da Catarina, que, num momento de fúria, desrespeitou sua mãe, dando-lhe, inclusive, uma tremenda dentada num seio. Ela foi castigada. Transformou-se na horrível porca, que só perderá o encanto quando alguém tiver a coragem de arrancar sua enorme presa de ouro. Mas ninguém conseguiu até hoje.

 

No Maranhão:

BUMBA-MEU-BOI

Sotaque de Zabumba

O que é e o que significa Bumba-Meu-Boi?

Esse folguedo conta a história de Mãe Catirina, que estando grávida e desejando comer língua de boi, convence o marido, Pai Francisco, a matar o novilho Mimoso, o mais querido do Amo. O crime é descoberto, o casal é preso e perdoado depois que o animal, por meio de recursos mágicos, ressucita. Em seguida tudo vira festa. A animação atravessa as noites, e a chegada do dis é saudada ao som de muita música e louvores a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. Àa toadas de inúmeros grupos de Bumba-meu-boi junta-se o batuque de outras brincadeiras, que, madrugada adentro, apresentam-se nos “arraiais” construídos em ruas, clubes e praças. O Tambor de Crioula, o Cacuriá, o Coco e o Péla Porco são também atrações imperdíveis do rico folclore maranhense.

 

Sotaque da Ilha

Boi de Matraca

Também conhecido como Boi da Ilha. Sua base instrumental são as matracas (pedaços de madeira) e tambores de grande diâmetro conhecidos por pandeirões. Confeccionados em madeira e couro, os pandeirões são afinados a fogo, o que faz com que os grupos acendam fogueiras nos locais onde se apresentam. O tambor-onça, uma prima da cuíca, imita o som de uma onça. Destacam-se nesse sotaque os bois da Maioba, Iguaíba, Maracanã, Madre de Deus, entre outros.

 

Sotaque de Pindaré

Apesar de também utilizar as matracas, em quase tudo se diferenciam dos Bois da Ilha, a começar pelo ritmo mais lento. Seus pandeiros são menores, e as fantasias tem características próprias. As de maior destaque são as dos caboclos de pena, brincantes que uasm chapéus formando um grande arco adornado com fitas coloridas. Destaque para os Bois de Viana, de São João Batista e Pindaré, este último originário da cidade que lhe dá o nome.

 

Boi de Zabumba

A denominação é decorrente dos tambores que utilizam na marcação do seu sotaque, na verdade bombos, conhecidos como zabumbas. Utilizam-se de pandeirinhos, ou repinicadores, que são pandeiros bem menores do que os utilizados no sotaque da matraca. É considerado para alguns pesquisadores como o boi mais original do Estado, e teria servido de base para o desenvolvimento dos outros sotaques. Alguns grupos de destaque no sotaque zabumba são o Boi de Lauro, Boi de Leonardo, de Antero e Newton Canuto.

 

Boi de Orquestra

Sotaque marcado por instrumentos de sopro e cordas, como saxofones, clarinetas, flautas e banjos, além de bombo, tambor-onça e maracás. O ritmo é contagiante, durante a apresentação, os brincantes executam coreografias facilmente assimiladas pelo público. Entre todos os estilos existentes no Estado, é o de orquestra que tem mais crescido. São famosos nesse sotaque os bois de Axixá, Morros e Rosário, todos originários de cidades do interior, mas que durante os festejos juninos, marcam presença em São Luís.

 

Tambor-de-Crioula

Manifestação de origem africana tipicamente maranhense. Pode ser vista em qualquer época do ano, sendo a temporada dos festejos juninos um dos melhores momentos para apreciá-la. Trata-se de uma dança de roda onde apenas mulheres dançam, formando um círculo, e os homens tocam tambores feitos de troncos de árvores e couro. No centro da roda revezam-se as coureiras (dançarinas), que são periodicamente substituídas através do ritual dda Punga ou Umbigada. O ato, acompanhado por um tambor especial, se caracteriza por um choque físico entre as dançarinas, depois do qual uma vai para o centro da roda e a outra retira-se para o cordão. Os espectadores podem participar batendo palmas, cantando as músicas e dançando. A alegria, a descontração e a sensualidade são as principais marcas desse folguedo existente em várias regiões do Estado.

  

Danças Maranhenses

Dança do Lelê ou Pela Porco

É uma dança de salão de origem européia, provavelmente francesa, com traços ibéricos, presente nos municípios de Rosário e Axixá desde o século XIX. Embora seja uma dança profana, pode ser apresentada em louvor a um santo.

A dança do lelê não tem uma fixa para ser apresentada. È comum que os brincantes se apresentem em maio, na festa do Divino; em junho, na festa de Santo Antonio; em agosto, durante a festa de São Benedito; em dezembro, na festa de Nossa senhora da Conceição; em janeiro, no dia de Reis ou em qualquer outra época como pagamento de promessa.

Com o acompanhamento de instrumentos como violão, cavaquinho, pandeiro, castanholas, flauta e rebeca, os brincantes , em pares, se dispõem em filas de homens e mulheres, liderados por um mandante, pessoa responsável pela coordenação da brincadeira.

 

Tambor de Crioula

O tambor de crioula é uma dança de origem africana praticada por descendentes de negros no maranhão em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros. É uma dança alegre , marcada por muito movimento dos brincantes e muita descontração.

Os motivos que levam os grupos a dançarem o tambor de crioula são variados podendo ser: pagamento de promessa para são Benedito, festa de aniversario, chegada ou despedida de parente ou amigo, comemoração pela vitória de um time de futebol , nascimento de criança, matança de bumba-meu-boi, festa de preto velho ou simples reunião de amigos.

Não existe um dia determinado no calendário para a dança, que pode ser apresentada, preferencialmente, ao ar livre, em qualquer época do ano. Atualmente, o tambor de crioula é dançado com maior freqüência no período carnavalesco e durante os festejos juninos.

 

Dança de São Gonçalo

A dança de são Gonçalo é um baile popular de caráter religioso de origem portuguesa, dançado em louvor ao santo português São Gonçalo do Amarante, que viveu no século XIII.

A tradição popular considera São Gonçalo como um santo casamenteiro e dançador, que tocava viola e convertia as mulheres dançando com elas, tendo pregos em seu sapato que feriam os pés.

Geralmente, a dança é motivada por promessa ou voto de devoção de alguém. Em frente ai altar, com a imagem do santo tendo na mão sua viola, formam-se dois cordões de seis pessoas do sexo feminino.

 

Dança do Caroço

De origem indígena, a dança do caroço se concentra na região do delta do Parnaíba, principalmente no município de Tutóia. É executada por brincantes de qualquer sexo ou idade.

As toadas improvisadas são tiradas pelos cantadores com o acompanhamento dos brincantes que respondem com o refrão , acompanhados de instrumentos como caixas, cuícas e cabaças.

 

Cacuriá de Dona Tetê

Cacuriá

O Cacuriá é também, uma dança de roda animada por instrumentos de percussão. Tem origem na festa do divino espírito santo, quando após a derrubada do mastro, as caixeiras se reúnem para brincar. Os instrumentos são caixas que acompanham a dança, animada por um cantador ou cantadora, cujos versos de improviso são respondidos por um coro formado pelos brincantes.

Em São Luís, o cacuriá é uma dança típica dos festejos juninos.

 

Dança do Côco

A dança do côco tem sua origem no canto dos trabalhadores nos babaçuais do interior do maranhão. É uma dança de roda cantada, com acompanhamento de pandeiros , ganzás, cuícas e das palmas dos que formam a roda.

A coreografia não apresenta complexidade. Como adereços, os componentes da dança carregam pequenos cofos e machadinhas, imitando os instrumentos de trabalho nos babaçuais.

Alem dessas danças, pode-se presenciar, nos arraiais da cidade, no período dos festejos juninos, outras danças como a quadrilha, que de forma caricatural retrata uma cena da vida do caipira do nordeste brasileiro; a dança da fita e dança portuguesa.

 

Festa do Divino Espírito Santo

Festa do Divino Espírito Santo

A festa do Divino espírito Santo, que relembra o Espírito santo sobre os apóstolos, é uma das mais expressivas festas do calendário cultural e religioso do Maranhão, principalmente no eixo São Luís – Alcântara.

Originada em Portugal coma construção da igreja do Espírito santo em Alenquer, século XIII, por ordem da rainha D. Isabel, a festa chegou ao Brasil no século XVI com os colonizadores.

Em São Luis, é muito valorizada nos terreiros e mina, enquanto em Alcântara se caracteriza como uma festa tipicamente católica, sendo muitas de suas cerimônias realizadas na igreja local.

É realizada no mês de maio, no domingo de Pentecostes, mas desde sábado de aleluia os festa do divino2festeiros começam a se preparar para o grande dia em que o imperador recepciona seus convidados com um almoço e farta mesa de doces locais.

Em Alcântara, imperador e imperatriz, mordomo-régio e mordoma-régia alternam-se a cada ano. Os festeiros são escolhidos com um ano de antecedência, tornando a festa do Divino Espírito Santo a maior festa do Maranhão, uma vez que seu ciclo dura um ano.

 

Festejos Juninos

O bumba meu boi é a mais conhecida brincadeira dos festejos juninos no Maranhão. É um auto que, reunindo três formas de expressão artística (teatro, dança, música), conta à estória da negra Catarina que, grávida, desejou comer a língua do boi predileto de seu amo, induzindo o marido, pai Francisco, a matar o boi para a satisfação de seu desejo.

O pesquisador Carlos Lima classifica os grupos em 3 sotaques: zabumba, matraca e orquestra, alem de dois subgrupos identificados com a região a que pertencem, no caso, Baixada e Cururupu.

Os grupos de zabumba são caracterizados pelo ritmo cadenciado marcado por grandes tantãs conhecidos como zabumbas. Nos grupos desse sotaque, a personagem mais característica é o rajado. São homens que fecham o cordão da brincadeira e que chamam a tenção por seus grandes e pesados chapéus de fitas coloridas e estampadas.

Os bois de orquestra têm sua dança embalada por instrumentos como banjo, clarinete, piston e bumbo e um forte apelo popular, sobretudo nos arraiais juninos, pela variedade de cores de sua indumentária e pela sonoridade de seus instrumentos.

Os grupos de matraca se destacam por atrair grande numero de brincantes em suas apresentações. Nesse sotaque há predominância de matracas e pandeiros dentre os seus instrumentos, tocados por grande numero de brincantes com uma especificidade: os bois de matraca permitem uma maior participação do publico uma vez que qualquer pessoa, com um par de matracas pode ajudar o grupo em suas apresentações.

 

Carnaval

As manifestações culturais sempre tiveram um papel importante na vida da população maranhense, o que pode ser comprovado no período carnavalesco, quando há grande variedade de formas de cair na folia como blocos tradicionais, cordões de foliões, tribos de índio, casinha da roça, brincadeira de urso, escolas de samba, blocos organizados, blocos afros e bandas.

 

Tambor de Mina

Termo pelo qual é conhecida a religião que os descendentes de negros africanos de origem jeje e nagô trouxeram para o Maranhão. É uma manifestação de religiosidade popular especificamente maranhense que tem lugar em casas de culto conhecidas como terreiros. É uma religião de possessão, onde os iniciados recebem entidades espirituais cultuadas pelo pai de santo em rituais conhecidos como tambor.